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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Conflito

No ano de 1912, quando as tropas federais marcham sobre o Contestado para "acalmar os ânimos" sob ordens do então líder da República, o marechal Hermes da Fonseca, José Maria lidera seus fiéis para organizar uma resistência em Irani, terra contestada por ambos os estados, Paraná e Santa Catarina. O governo decide mandar as Forças de Segurança do Paraná, espécie de polícia, para desalojar os rebeldes, mas são rechaçadas com pesadas baixas, e os rebeldes obtém sua primeira vitória. Contudo, José Maria morre na batalha, e é enterrado por seus fiéis, que prometem que ele ressuscitará juntamente com o mítico rei de Portugal, D. Sebastião, a frente de seu "exército encantado".
Em fevereiro de 1914, o governo federal envia um contigente do exército, composto de 700 homens, armados de fuzis, metralhadoras e canhões, para por fim a rebelião. Os fiéis do Contestado, contudo, se refugiam na comunidade remota de Caraguatá, onde juntam 6.000 homens em armas sob o comando de Maria Rosa, apelidado de a "Joana D’Arc" do sertão, uma adolescente de 15 anos que dizia receber visões e ordens do falecido José Maria. O exército contava também com um "Imperador", um "Quadro de Santos", que serviam como conselheiros, e uma guarda de elite de 24 Cavaleiros, intitulados "Pares de França", em alusão à guarda de Carlos Magno.
As tropas cercam Caraguatá, mas na batalha que se segue os federais são massacrados, e fogem para todos os lados, perseguidos pelos rebeldes. Os rebeldes então, atraem ainda mais seguidores, e fundam as "monarquias celestes", redutos fortificados, de Bom Sossego e São Sebastião, publicando também um manifesto oficial, denominado "Manifesto Monarquista". Desses redutos partiam para atacar fazendas, de modo a conseguir comida, cartórios, para queimar os registros de desapropriação, e as serrarias e escritórios da Lumber, de modo a sabotar os planos econômicos federais.
O governo reage mandando Carlos Frederico de Mesquita, que havia participado na repressão a revolta de Canudos, para acabar com a revolta. O general faz um ataque rápido e decisivo contra o reduto de Santo Antônio, obrigando os revoltosos a fugir, e, quando o reduto de Caraguatá é abandonado devido à uma epidemia de tifo, o general dá a revolta por encerrada e volta para a casa. Os rebeldes, liderados por Maria Rosa, se reagrupam no reduto de Santa Maria, e de lá lançam novos ataques à região. O governo então parte para a última cartada: envia o marechal Setembrino de Carvalho com 7000 homens, e ordens de pacificar a região e proteger a construção da ferrovia à qualquer custo. Com ajuda de dois aviões de reconhecimento, recentes aquisições das forças armadas, o marechal, evitando o conflito direto com os revoltosos, foi cercando a região a partir dos quatro pontos cardeais, e assim matando lentamente os revoltosos de fome.
Apesar da crise de fome, os rebeldes resistem, concentrados em dois redutos: O de Santa Maria e o de Caçador. Em março de 1915 o capitão Tertuliano Potyguara, após matar a líder Maria Rosa numa emboscada, avança sobre os dois redutos, e mata os rebeldes restantes em um combate sangrento, envolvendo todos os habitantes dos redutos, homens, mulheres e crianças, quase todos mortos de fome.

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